Porque os tendões sofrem.

11 de julho de 2017 | Por

As tendinopatias ou “doenças dos tendões” estão associadas a uma variedade de fatores de risco encontrados na vida de uma pessoa. Tais fatores podem ser divididos em dois grupos, os considerados extrínsecos (fatores externos ao indivíduo) e os intrínsecos(fatores do próprio indivíduo).

Os fatores intrínsecos estão relacionados às características físicas individuais, como: o sexo, a idade, o peso, a anatomia (diferenças de comprimento dos membros inferiores, os ângulos do joelho, as formas dos pés, a frouxidão ligamentar), a força muscular, a imunidade e a genética.

Os tendões podem ser afetados por uma variedade de doenças diferentes. Podemos citar algumas delas, como as doenças reumáticas (artrite reumatóide, gota), as doenças de depósito e as doenças das glândulas (adrenal, tireóide, pâncreas) dentre outras. Muitas destas doenças podem causar defeitos na formação e no funcionamento dos tendões, que podem comprometer a resistência e a elasticidade dos mesmos.

As tendinopatias seguem perfis diferentes em função da idade da pessoa, sendo mais frequentemente encontradas nos indivíduos acima dos 30 anos. Após os 55 anos, as tendinopatias decorrem das mudanças biomecânicas que surgem, tais como a diminuição da força, a diminuição da flexibilidade, a rigidez articular e as alterações na constituição bioquímica dos tendões.

Alguns defeitos genéticos podem afetar a formação e o funcionamento da menor unidade estrutural de um tendão, a fibra de colágeno, determinando tendões frágeis e mais susceptíveis a lesões.

Os fatores extrínsecos às tendinopatias estão relacionados à ocupação da pessoa (trabalho), ao esporte praticado, à carga física recebida durante o exercício (carga excessiva, carregamento repetitivo, movimentos anormais), aos fatores de treinamento (técnica ruim, progressão rápida de intensidade e volume de treinamento, fadiga muscular, equipamentos inadequados).

Nossos tendões não se comportam de maneira uniforme ao longo de suas estruturas durante um movimento. Algumas regiões recebem mais carga e concentram mais estresse do que outras. Isto se deve à própria anatomia de cada região do corpo. Um exemplo disto é o ligamento patelar do joelho (tendão patelar), que une a patela à tíbia, onde parte de suas fibras sofre trações e compressões maiores do que outras, o que explica o porque de algumas regiões dos tendões serem mais susceptíveis a lesões do que outras. Cargas muito elevadas sobre os tendões podem desencadear morte celular e tal processo degenerativo ocorre de forma “silenciosa”, sem que percebamos.

Os tendões são nutridos por uma rede de pequenos vasos sanguíneos e pelo líquido de lubrificação produzido pelos envoltórios de revestimento (paratendão). A solicitação dos tendões durante as atividades físicas propicia uma mudança na distribuição dos vasos microscópicos ao longo dos nossos tendões. Algumas situações de sobrecarga geram distribuição desigual dos vasos sanguíneos ao longo dos tendões, o que acarreta algumas regiões com mais e outras com menos nutrição. Tal achado caracteriza uma das etapas observadas na degeneração dos tendões

Muitos estudos tem contribuído para um maior conhecimento sobre a vida de nossos tendões. Bons treinos!