A Síndrome Compartimental Aguda.

9 de julho de 2017 | Por

A síndrome compartimental aguda (SCA) é uma emergência médica caracterizada pelo aumento da pressão dentro de um espaço anatômico chamado de compartimento, causando uma diminuição da nutrição vascular (perfusão) dos tecidos envolvidos (músculos, nervos, vasos).

A perna é uma das localizações anatômicas mais frequentes da instalação da SCA, embora também seja descrita em outros locais, como pés, mãos, coxa, dentre outros.

Um compartimento é o espaço anatômico delimitado por fáscia (tecido fibroso) e osso. O compartimento envolve grupos musculares e possui uma determinada capacidade de distensão.

A SCA resulta frequentemente de uma hemorragia ou edema após uma lesão. O aumento progressivo do conteúdo liquido provoca distensão do compartimento até o seu limite, a partir do qual eleva a pressão interna e pode provocar uma diminuição da perfusão dos tecidos (músculos e nervos) ou até a interrupção completa do fluxo arterial, causando isquemia e até a necrose (morte celular).

A SCA pode se instalar após traumatismos diretos (quedas, contusões), fraturas, queimaduras, esmagamentos, aparelhos de gesso mal feitos, curativos compressivos (enfaixamentos com ataduras), hemorragias, uso de anticoagulantes, dentre outros.

No músculo em repouso a pressão do compartimento medida está entre 0 e 15 mmHg. Se a pressão aumentar para 30 a 45mmHg, muitos indivíduos desenvolverão a SCA.

Os sinais e sintomas da SCA são: a dor contínua de intensidade progressiva no membro acometido, aumento de volume (inchaço) da região com sensação de enrijecimento muscular e limitação de movimentos. O inchaço pode adquirir grandes proporções no membro acometido em algumas horas, o que permite uma fácil identificação clínica.

A dor na SCA pode evoluir para níveis insuportáveis, o que caracteriza uma necessidade urgente de se confirmar o diagnóstico para que o tratamento seja instalado rapidamente, reduzindo o risco de sequelas.

A sensibilidade da pele e das extremidades pode reduzir com o aumento da pressão do compartimento e ser acompanhada pela sensação de “formigamento” (parestesia). A redução ou a ausência de pulso também são sinais observados na evolução do quadro. O tratamento é emergencial mediante um tratamento cirúrgico, chamado de fasciotomia, que significa a abertura do compartimento, permitindo que os tecidos envolvidos no processo compressivo continuam recebendo nutrição até que o processo se encerre e a pressão se normalize.

As complicações das SCA negligenciadas ou mal tratadas podem ser a paralisia, as contraturas musculares, as infecções, a lesão nervosa permanente e a rabdomiólise (destruição muscular causando a insuficiência renal).

A suspeita da instalação de uma SCA indica hospitalização, confirmação diagnóstica e tratamento precoce. A negligência diagnóstica e a demora do tratamento podem resultar em sequelas definitivas, tais como as necroses dos tecidos muscular e nervoso, causando paralisias e deformidades

Fique alerta aos grandes traumatismos e bons treinos!