A ruptura crônica dos tendões isquiotibiais.

9 de julho de 2017 | Por

Os músculos isquiotibiais localizam-se na região posterior da coxa, atravessam duas articulações (quadril e joelho) e são representados pelos músculos semitendinoso, semimembranoso e o bíceps.

Durante a corrida, os músculos isquiotibiais são os motores fundamentais para o deslocamento para frente. São responsáveis pela extensão dos quadris e flexão dos joelhos simultaneamente, gerando e coordenando os movimentos das duas articulações. Da mesma maneira, os isquiotibiais são antagonistas do músculo quadríceps nas ações de extensão do joelho e flexão do quadril.

As lesões musculares isquiotibiais são frequentes, especialmente em atletas que pratiquem esportes de explosão e alta velocidade. O espectro de lesões dos músculos isquiotibiais varia desde um estiramento muscular, considerada uma lesão de baixo grau, até uma ruptura completa das fibras de um dos músculos, considerada uma lesão de maior gravidade e comprometimento funcional.

Os tendões dos músculos isquiotibiais se originam de conexões com o ísquio, sendo o tendão da cabeça longa do músculo bíceps, o mais frequentemente acometido por lesões.

Diferentemente das lesões musculares agudas, os tendões isquiotibiais podem apresentar degenerações com os anos de treinamento e consequentemente podem sofrer microrupturas com cargas menores do que originalmente eram capazes de suportar.

Como fatores de risco podemos citar a diminuição da flexibilidade dos músculos isquiotibiais, as lesões musculares pregressas e os indivíduos com idade superior a 30 anos de idade.

Os isquiotibiais podem sofrer lesão parcial ou completa de um ou mais de seus tendões nas suas origens ósseas e nos casos mais graves podem até encurtar e comprometer o nervo ciático, por meio de aderências fibróticas. Alguns casos podem cursar com arranchamento ósseo (avulsão), embora muito menos comum em adultos e com história de dor crônica.

Os sinais e sintomas podem variar desde a dor ao sentar-se em superfícies rígidas, dor ao esforço de correr, com piora nas condições de subida ou tiros de velocidade, dor ao realizar a flexão do joelho contra resistência (cadeira flexora ou mesa romana posterior), sensação de fadiga muscular ou câibra durante as corridas de maior velocidade, sensação de perda de força, limitação da amplitude de flexão do quadril com o joelho em extensão máxima (posição de alongamento da musculatura posterior da coxa) e até dor irradiada para a região posterior da coxa (ciatalgia).

A ressonância magnética é o exame padrão para um diagnóstico completo e identificação de detalhes anatômicos da lesão. O tratamento conservador abrange o uso de medicamentos analgésicos e antinflamatórios, técnicas de analgesia, fisioterapia, acupuntura, modificações do treinamento e interrupção dos exercícios e movimentos que desencadeiem a dor, dentre outras técnicas.

Muito embora a literatura atual ainda se baseie em estudos de baixa evidência científica, o tratamento cirúrgico, mediante a reinserção do tendão rompido à sua origem no ísquio e liberação de aderências fibróticas, podem restabelecer a anatomia, a função e melhorar a dor. As cirurgias estão indicadas nas lesões completas com encurtamentos significativos e naquelas lesões sem melhora com os métodos conservadores de tratamento. As complicações existentes nos tratamentos cirúrgicos de rupturas crônicas dos tendões isquiotibiais também devem ser consideradas.

Cuide dos seus tendões e bons treinos!