A estimativa do tempo de retorno ao esporte e o tipo de lesão muscular isquiotibial

10 de julho de 2018 | Por

Uma pesquisa recente destacou uma correlação fraca entre os tempos de retorno ao esporte e uma série de medidas de ressonância magnética (RM). Por conseguinte, um novo estudo do estudo da UEFA não encontrou qualquer associação entre diferentes medidas de edema e tempo para o retorno ao esporte. 

Da mesma forma, há evidências conflitantes sobre o valor preditivo dos sistemas de classificação de lesões baseados em ressonância magnética. Portanto, pedimos que os profissionais não confiem apenas nos resultados da RM, ou nos sistemas de classificação de lesão muscular, ao estimar o retorno ao esporte após a lesão dos músculos isquiotibiais.

O resultado da ressonância magnética deve ser usado como ponto de partida para a estimativa do retorno ao esporte, que pode então ser ajustada devido a fatores específicos do atleta, fatores específicos da modalidade esportiva e modificadores de tolerância ao risco. 

Geralmente, lesões localizadas mais proximalmente, e aquelas que envolvem uma grande quantidade de tecido tendíneo, devem levar mais tempo para o retorno ao esporte.

A Tabela abaixo mostra os tempos esperados de retorno ao esporte para vários localizações anatômicas e gravidade das lesões musculares dos músculos isquiotibiais, com base na experiência clínica do FC Barcelona e nos dados de lesões coletados ao longo de 10 temporadas. Estes dados ainda não foram validados em estudos científicos e são baseados apenas nos achados do Clube. Note também que esses dados servem apenas como ponto de partida, seguido por fatores específicos do jogador, fatores específicos do futebol e modificadores de tolerância ao risco que também devem ser considerados ao estimar o tempo de retorno ao esporte.

Tabela

Lesão por avulsão óssea dos tendões isquiotibiais: 4 meses após cirurgia

Lesão transversa dos tendões isquiotibiais: “gap” presente, tendão ondulado,  4 a 5 meses após cirurgia

Lesões longitudinal dos tendões isquiotibiais: “gap”ausente, tendão ondulado, 10 semanas

Lesão dos tendões isquiotibiais + lesão proximal da junção miotendínea do bíceps:

  • Sem gap, tendão ondulado: 7 semanas
  • Com gap, tendão ondulado: 8-10 semanas

Lesão por estiramento dos tendões isquiotibiais: halo peritendíneo, microlesão das fibras do tendão, 4 semanas

Lesão da junção miotendínea do bíceps proximal: 

  • Halo peritendíneo: 4 semanas
  • Pouco envolvimento do tecido conjuntivo: 3 a 4 semanas
  • Com “gap” e tendão ondulado: 7 semanas

Lesão miofascial do bíceps distal (“Deep zip”): pequeno envolvimento de tecido conjuntivo, 3 a 4 semanas

Lesão da junção miotendínea superficial do bíceps distal: envolvimento de tecido conjuntivo, 4 a 5 semanas

Lesão do bíceps mista: 4 a 5 semanas

Lesão por avulsão óssea distal do tendão do bíceps: 4 meses após cirurgia

Lesão proximal miotendínea do semitendinoso: pequeno envolvimento de tecido conjuntivo, 3 semanas

Lesão média do semitendinoso: pequeno envolvimento de tecido conjuntivo, 3 semanas

Lesão distal miotendínea do semitendinoso: 

  • Pequeno envolvimento de tecido conjuntivo: 2 semanas
  • “Gap” presente, tendão ondulado,  4 meses após cirurgia

Lesão por avulsão óssea proximal do tendão do semimembranoso: 4 meses após cirurgia

Lesão do tendão proximal do semimembranoso

  • Ruptura parcial: 5 semanas
  • Ruptura total: 6 semanas

Lesão proximal miotendínea do semimembranoso (secção A): pequeno envolvimento de tecido conjuntivo, 3 semanas

Lesão proximal miotendínea do semimembranoso (secção B): 

  • Pequeno envolvimento de tecido conjuntivo: 3 semanas
  • “Gap” presente, tendão ondulado: 6 semanas

Lesão proximal miotendínea do semimembranoso (secção C): 5 semanas

Lesão distal miotendínea do semimembranoso : 

  • Pequeno envolvimento de tecido conjuntivo: 3 semanas
  • “Gap” presente, tendão ondulado: 6 semanas

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