A “Hérnia do Esportista”.

9 de julho de 2017 | Por

As lesões da região abdominal baixa representam cerca de 6% de todas as lesões no esporte.

A “hérnia do esportista” foi reconhecida recentemente como uma das fontes de dor inguinal (abdominal baixa) que não respondem bem ao tratamento clínico. Esta lesão também tem sido denominada de “pubalgia do atleta” e “hérnia do atleta” entre outras.

A definição clássica de “hérnia” é uma protrusão (deslocamento para frente) anormal de um órgão ou tecido através de um defeito nas suas paredes adjacentes. O termo “hérnia do esportista” é uma denominação considerada inadequada, já que não descreve uma saída verdadeira de tecidos moles.

Alguns autores definiram a “hérnia do esportista” como uma fraqueza da parede posterior da região inguinal, que resulta uma irritação nervosa (neurite) e dor na inserção do tendão do reto do abdome na pube (pubalgia). Outros autores acreditam que as “hérnias do esportista” seriam decorrentes de um desequilíbrio muscular inguinal.

Os movimentos do quadril, pelve e tronco, incluindo a flexão, extensão, rotação e inclinação lateral são controlados por movimentos coordenados pelos músculos do abdome inferior e pelve. As hérnias do esporte estão associadas às sobrecargas dos treinamentos a longo prazo.

A lesão ocorre quase que exclusivamente em homens e a maioria dos atletas descreve o início dos sintomas de forma progressiva na região inguinal. A dor é frequentemente unilateral, “perfurante” ou em queimação e irradia para a coxa, abdome inferior, períneo e escroto.

Os sintomas são intensificados por atividades como a corrida, movimentos de rápida aceleração, mudanças bruscas de direção, rotação e chute. O atleta não refere dor no repouso, mas sente dor imediata, ao iniciar a atividade física, mesmo depois do aquecimento.

O ato de tossir, espirrar e as manobras que simulem o aumento da pressão intra-abdominal, frequentemente pioram a dor. O ato de se levantar da cama a partir da posição deitada pode ser extremamente doloroso.

Um exame completo do paciente deve ser realizado para identificar outras causas de dor inguinal: causas ortopédicas (lesões musculares, pubeíte, fratura de estresse, lesões articulares, compressão nervosa lombar), lesões não ortopédicas (hérnia clássica, apendicite, diverticulite, síndrome do intestino irritável e doenças do sistema urinário).

A ressonância magnética permite avaliar melhor as causas de “hérnia do esportista” e determinar a gravidade da doença. O ultrassom permite fazer o diagnóstico e depende de um radiologista experiente.

O tratamento inicial abrange medicações analgésicas e antinflamatórias sob prescrição médica, alongamentos e fortalecimento muscular do tronco, pelve e musculatura da coxa. A persistência dos sintomas após um tratamento clínico adequado, recomenda tratamento cirúrgico.

Bons treinos!